quarta-feira, 28 de maio de 2014

MÉDICOS DENUNCIAM ATRASO DE 40 ANOS DO SUS NO TRATAMENTO DO DIABETES

Feridas abertas por mais de 30 anos, tratamentos ineficazes e ausência de políticas de prevenção são alguns dos fatores que denunciam o atraso do Brasil em mais de 40 anos no tratamento do diabetes. Estima-se que 15 milhões de brasileiros sofram da doença, sendo quase 300 mil no Estado do Paraná, mas segundo dados da Sociedade Brasileira de Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE), menos de 50% deste contingente sabe que possui a doença. O desconhecimento do diagnóstico e tratamentos da década de 1970 acabam por levar boa parte desta população aos estágios mais avançados da doença, que podem incorrer em feridas crônicas de difícil cicatrização e, em casos graves, à amputação de membros.

Os dados foram apresentados pelo Dr. Adriano Mehl, especialista em feridas e membro da SOBRATAFE, na manhã desta terça-feira (27/06), durante encontro da Frente Estadual de Saúde e Cidadania, liderada pelo Deputado Estadual Ney Leprevost. O encontro teve a participação de Janine Trompczynski, coordenadora da Divisão de Atenção às Condições Crônicas de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, e de outros médicos do Estado.

Durante o encontro, tomou-se conhecimento que quase 3 mil paranaenses tiveram que sofrer algum tipo de amputação por causa do diabetes, e que outras 12,4 mil pessoas do Estado que sofrem de feridas oriundas da doença estão correndo riscos de amputação por falta de tratamento adequado. “Estes são dados de pessoas diagnosticadas, mas imaginem aquelas pessoas que estão sofrendo de feridas crônicas provocadas pelo diabetes e desconhecem que são portadoras da doença. Esta massa ocupa leitos e incorre em tratamentos prolongados e ineficazes por anos, gerando custos astronômicos para os cofres públicos pela ausência de diagnóstico preventivo e de tratamento adequado”, denuncia o médico.

As informações e dados apresentados no encontro vão servir de base para o Projeto de Lei do Programa Paranaense de Saúde do Pé Diabético no Estado do Paraná, de autoria de Ney Leprevost. “Precisamos apresentar alternativas tanto na prevenção quanto no tratamento do diabetes. Este encontro serviu para tomarmos ciência da gravidade e das alternativas disponíveis no mercado para o tratamento do pé diabético para montarmos uma proposta viável para o Estado”, argumentou o deputado.



Estima-se que hoje sejam gastos 100 salários mínimos por trimestre para cada paciente com diabetes que sofre de alguma ferida crônica no Brasil. São R$ 24.133,00 por mês para cada paciente, que pode ficar anos ocupando vagas pela falta de tratamento adequado. “Existem terapias e tratamentos que podem reduzir este valor a um terço, mas é preciso que existam políticas públicas favoráveis, que revertam este atraso de 40 anos no tratamento de feridas crônicas no Brasil”, defende Adriano Mehl.


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