O governo brasileiro já reconheceu por duas vezes, em 2001 e
em 2008, que os EUA comandavam um sistema de coleta de informações que tinha a
capacidade de "intromissão em comunicações eletrônicas" em todo o
mundo.
Em depoimento prestado em 2001 à Câmara dos Deputados, o
então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência no
governo FHC (1995-2002), general Alberto Cardoso, disse aos parlamentares que
os EUA desenvolveram um projeto, com o nome código de Echelon, em associação
com Reino Unido, Irlanda, Austrália, Canadá e Alemanha.
O projeto tinha a capacidade de interceptar comunicações por
e-mail, voz e fac-símile, segundo um relatório do Parlamento Europeu daquele
mesmo ano. Segundo o general, além do Echelon, também tinham capacidade
invasiva os governos de França, Itália e Rússia.
O sistema Echelon também era controlado pela NSA (Agência de
Segurança Nacional), hoje foco de novas denúncias a partir de vazamentos feitos
pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.
Em depoimento prestado ao Congresso em 2008, no governo Luiz
Inácio Lula da Silva (2003-2010), o engenheiro eletrônico Otávio Carlos Cunha
da Silva, diretor do Cepesc (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para
Segurança das Informações) da Abin (Agência Brasileira de Inteligência),
confirmou aos parlamentares: "O Echelon intercepta todas as comunicações.
[...] E não há só um Echelon, há o Echelon americano, o Echelon europeu".
Indagado por um deputado sobre que tipo de informação
poderia ser captada pelo sistema, Silva explicou que era toda comunicação
"que está no ar", em "satélites, links de micro-ondas,
torres".
Silva indicou que o GSI havia estudado o Echelon: "Esse
equipamento envolve seis países, é uma rede de países. A gente até poderia
fazer uma apresentação depois sobre isso. Mas é uma rede de países envolvidos,
com uma rede de supercomputadores envolvidos, com um volume de recursos
absurdamente envolvidos para esse processo".
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